CAPÍTULO CINCO
❛ chegar e olhar com o coração ❜

NAQUELA MANHÃ, as palavras incessantes de uma loira deixaram Leire um pouco chateado com ela.

— Jessica, você pode parar de falar dessa Bella?

— Não! — a garota nomeada olhou mal para ela, fazendo com que Tyler a encarasse. — Ela chegará amanhã...

Como se não a tivesse ouvido, ela continuou falando sobre a filha do Policial Swan. A morena ficou chateada ao ouvir tanto de alguém que provavelmente não queria tanta atenção para si. Leire, sabendo que não havia como a loira parar de falar, virou-se para o amigo.

— Tyler? — o olhar do menino se afastou do sanduíche que Leire lhe deu. — Posso tocar seu rosto?

— O quê? — a confusão do moreno era óbvia, ele não sabia porque a cega queria fazer isso.

Ângela, que os observava, aproximou-se da menina e gentilmente, pegando suas mãos, guiou-as até seu rosto, tirando os óculos no processo. A morena, entendendo e sabendo quem ela era, lentamente fez as mãos percorrerem seu rosto. Não era perfeito, considerando que a menina ainda era adolescente; Seu rosto tinha uma estrutura óssea fina, suas linhas a faziam olhar nos olhos da linda garota de olhos azuis. Ela sondou o nariz dela, fazendo a menina de cabelos negros rir ao sentir isso. Ela se afastou dela enquanto as mãos dela tocavam todo o seu rosto, sua mente projetando uma imagem de como a garota poderia ser.

— Você é linda, Angela. — o rubor da morena foi imediato em suas bochechas. Ao ouvir isso, ela colocou os óculos, cobrindo um pouco o rosado do rosto.

—Vou acreditar em você... Porque você é a única que vê sem ver. — as palavras da garota eram confusas, mas verdadeiras. Tyler, que tinha visto tudo isso, ficou fascinado, então rapidamente se aproximou da garota de olhos azuis.

— Você pode tocar meu rosto. — a emoção em sua voz era perceptível. Talvez Leire não soubesse, mas sem dúvida ela se tornou sua melhor amiga.

— Está tudo bem. — Jéssica, que estava olhando para eles naquele momento, notou como a cega se aproximou do moreno e lentamente começou um caminho no rosto dele com as mãos.

Seus lábios eram um tanto fofos com Leire; Embora sua pele não fosse lisa, era algo curioso de sentir. Seus dedos tocaram as bochechas do menino e subiram lentamente até sua testa, tocando-a lentamente. As carícias daqueles movimentos foram relaxantes para o menino sem dúvida. Quando dois dedos alcançaram seu nariz, tocando-o superficialmente, ele corou. Ele sabia que talvez não fosse muito atraente por causa de certas coisas em seu rosto, então a vergonha tomou conta dele. Quando a cega finalmente passou por seus olhos, ele se permitiu abri-los, vendo que a menina sorria.

— Muito lindo. — Leire se afastou sorrindo para ele e abrindo os olhos, permitindo que ele visse aquele olhar relaxante que seus orbes azuis projetavam.

— Eu quero! — o resto do almoço Leire se permitiu conhecer os rostos de Eric, Mike e Jéssica, que embora não fosse perceptível, estava fascinada pela garota.

— Você é linda demais, Jess. — a garota de olhos azuis se separou, deixando as mãos descansarem no colo e depois olhando para a loira. — Apenas tente fazer com que as pessoas conheçam a Jéssica que você esconde.

Dito isso, Tyler ajudou sus amiga a se levantar para ir para a próxima aula. A loira, que naquele momento se pegou pensando, sorriu. É verdade, ela sempre quis se integrar sem se preocupar em se mostrar como realmente era. Os jovens amigos caminharam conversando sobre vários assuntos até o meio do corredor, onde tiveram que se separar para irem para as aulas.

— Que aula é agora? — a pergunta do menino fez Leire parar, pegando o papel que foi entregue a ela há vários dias.

— Filosofia.

— Então nos vemos mais tarde. Adeus, Ly. — aquele apelido carinhoso que ele deu à garota era algo que ela apreciava. Em poucos dias ele aprendeu muito sobre aquela com olhos cor de mar.

— Adeus, Ty. — o sorriso da garota foi imediato e ela caminhou, pegando a bengala que a ajudava a caminhar para a aula.

Ficou sabendo que naquela aula, que foi a última que teve na sexta-feira, conheceu pela primeira vez um menino que lhe causou curiosidade. Edward Cullen era alguém que o interessava; Ela sabia que tinha ao seu lado uma linda garota chamada Solar. Além disso, disseram que sua família era estranha e que todos o apoiavam.

— Posso sentar aqui? — a pergunta foi algo que pegou o vampiro desprevenido. Nas aulas ele sempre sentava sozinho, respeitando seu espaço pessoal.

— Claro.

Essa resposta afirmativa fez a morena sorrir, fazendo com que o leitor de mentes olhasse para ela com curiosidade - Ficou feliz por ela poder sentar? - foi algo que não lhe passou pela cabeça; Para ele, o ato de sorrir era uma forma de expressar quando algo te deixava feliz. Foi curioso ver que havia uma pessoa que sorria porque queria, e não simplesmente sorria por sorrir.

— Leire Clark, certo? — o homem de cabelos acobreados a viu assentir e observou enquanto ela tirava cuidadosamente a máquina de escrever, que à primeira vista era como qualquer outra. — Não nos conhecíamos antes... Sou Edward Cullen.

— Prazer em conhecê-lo, Edward. — a morena sorriu para o garoto, e diferente de todos os outros, ela não focou nele; Sua atenção estava voltada para a aula.

O leitor de mentes entrou em sua mente com interesse. Curiosamente, a menina só pensava nos sons, nos aromas e na presença de tudo ao seu redor. Ele ficou maravilhado, era como contemplar tudo de outra perspectiva. Ele percebeu que de um momento para o outro a garota estava pensando em muitas pessoas, ele conseguia até ler os pensamentos que ela tinha sobre Rosalie e Jasper.

— Você gosta de frio? — a pergunta saiu por si só, causando intriga na garota. Foi um pensamento que teve por um segundo antes de desaparecer.

— Sim... Embora o calor também seja algo que eu gosto. — a morena sorriu para ele. — E você?

— Gosto mais do frio, tenho problema com o sol. — Leire, ao ouvir o tom de sua voz, não se atreveu a perguntar o quê. Decidindo continuar conversando, ela mudou o assunto de sua agradável conversa. Durante o resto da aula, para espanto de vários, eles criaram uma conversa de perguntas aleatórias. Antes que Edward pudesse perguntar qualquer coisa à mulher cega, o sinal tocou para anunciar o fim do dia escolar.

— Edward! — a voz de uma garota fez a garota de olhos azuis olhar para onde era ouvida. A silhueta magra e baixa de Alice passou por todos até chegar ao leitor de mentes, que a olhou sério. — Olá, sou Alice, irmã de Edward, prazer em conhecê-la. — o entusiasmo da garota de cabelos negros era notável. Ela finalmente conheceu Leire, a garota que faria feliz seu melhor amigo.

— Er... Sim, prazer em conhecê-la, Alice. Eu sou Leire. — a morena sorriu ao ouvir a voz carismática de como ela se apresentou.

A certa altura, Alice se virou para olhar para Leire no momento em que uma luz atingiu sua mão, fazendo com que os Cullen tivessem uma visão. Nessa imagem ela pode ver como Leire caminhava ao lado de uma janela, fazendo com que alguns raios de luz atingissem sua pele diretamente, fazendo com que sua pele brilhasse como um vampiro faria. Os orbes de forte cor marrom confirmaram aquela cena.

— Alice? Por que você estava me procurando? — o leitor de mentes olhou para a irmã com curiosidade e rapidamente leu seus pensamentos, sentindo-se chocado com aquele destino. — Leire, pedimos desculpas, mas temos que sair.

— Foi um prazer conhecê-la. — Alice sorriu para ela, mudando de posição insegura. Ela sabia que quando Jasper descobrisse isso não iria querer se aproximar de Leire.

Essa visão foi algo que tomou decisões.

— Da mesma forma, Alice.

Ouvindo e sentindo que os dois Cullen haviam ido embora, Leire suspirou e pegou sua mochila gentilmente, ouvindo a voz de Tyler chamando-a para finalmente sair da aula.

Aquela família era diferente, algo peculiar.

— Hoje chega a novata. — a morena, que naquele momento segurava o braço de Ângela, ouviu a voz de Mike e ficou irritada.

— Cale a boca. — ela falou com raiva. A razão de seu humor era uma questão de noite.

Curiosamente, ela não conseguia dormir nem um pouco por causa de alguns barulhos que podiam ser ouvidos de sua janela, deixando-a irritada. A cereja do bolo foi ouvir o nome Isabella Swan, todo mundo falava dela o dia todo, o que era totalmente um caso. Todo mundo estava cochichando sobre aquela garota, gente sem vida. Com um suspiro, ela bebeu o café que tinha na mão.

— Tyler, você viu a famosa Isabella? — Leire perguntou a ele, caminhando em sua direção. Ao ouvir sua voz com um tom irritante, a morena o fez rir.

— Não, eu não vi.

— Esperemos que não seja um Mike dois. — ela sorriu para o menino, deixando o café na mão, sabendo que lhe faria o favor de jogá-lo na lata de lixo. — Por favor.

A morena sorriu agradecida, prestando atenção em Ângela. A morena estava contando para ela sobre uma notícia que falaria sobre Isabella, e essa conversa tomaria outro rumo.

— Eric vai a ajudar a orientando... Espero que não goste dela. — a voz pessimista da mulher de cabelos negros fez Leire se sentir mal. Tateando, ela se aproximou novamente da amiga e a abraçou.

— Eu sei que você gosta do Eric. — isso fez a garota de óculos corar. — Então se você gosta dele tanto quanto pensa... Diga a ele. — a morena se afastou sorrindo cansada e seguiu para sua próxima aula; Isso de alguma forma a fez se sentir melhor. Rosalie era boa em fazê-la se sentir feliz.

— Você não parece muito bem hoje. — a voz da loira a fez sorrir, a vampira estava sentada esperando por sua companheira de assento.

— Obrigada. — Leire sorriu para ela, suspirando suavemente e colocando o rosto entre as mãos, inclinando-se um pouco para trás.

— Você quer uma aspirina? — a vampira ficou grata por ter ouvido Alice, que sugeriu carregar aqueles comprimidos.

— Por favor. — ela agradeceu ao sentir o comprimido em suas mãos e uma garrafa de água, que tomou rapidamente.

Ela se sentiu melhor... Talvez Rosalie fosse o motivo.

— Ei, Leire, Tyler... Essa é Isabella Swan. — finalmente a garota de olhos azuis conheceu a famosa novata, ela sorriu calmamente sabendo que toda a comoção por sua recente chegada não foi culpa dela.

— Só Bella. — a voz da garota era algo que fazia a cega estremecer, era algo diferente para ela.

— Bem, "só Bella", já ouvi o suficiente sobre você. — a morena sorriu simpática e sentou-se na mesa que dividia com os amigos.

A garota de olhos azuis pôde ouvir o som de surpresa da Swan, que havia notado seu estado; Ela ficou grata por ela não ter perguntado nada e simplesmente começou a almoçar. Leire sorriu e acalmou a morena, explicando o que ela conseguia ver e como era, percebendo que isso era curioso para muitos. Bella ficou maravilhada e começou a sorrir e acenar com a cabeça para a garota de olhos azuis que estava feliz em conhecê-la; Finalmente, a cega começou a conversar com Tyler, que às vezes lhe dava algumas batatas fritas de sua refeição.

— Quem são eles? — obviamente era uma pergunta que Leire esperava, mas ela não esperava que Jéssica não respondesse, sendo Mike quem lhe contaria sobre a família Cullen.

— São estranhos... Como se fossem perfeitos. — o menino mordeu uma das batatas fritas no almoço, olhando com desprezo para a família.

— E quem é ele? — Leire rapidamente soube de quem ela estava falando. Edward era alguém que chamava a atenção de acordo com Jéssica, mas para ela, por algum motivo estranho, Jasper era melhor.

— Não perca tempo com ele, quem vem atrás de Edward é Solar Hale, namorada dele. — Jessica se permitiu intervir, sabendo que Bella havia se interessado pelo leitor de mentes; Leire concordou com a cabeça e mastigou a batata frita que tinha.

— Eu não vou. — Bella murmurou, olhando para baixo por um momento antes de olhar para trás, observando que Jasper estava olhando para algo que a assustava, mas percebendo que ele não estava olhando para ela, mas para Leire.

Bella inevitavelmente sorriu e se virou, acompanhando a conversa de Jessica e Angela.

O resto do almoço foi um pouco barulhento tendo em conta que Jéssica queria falar com Ângela e conhecer Leire com quem conversou em alguns momentos com a recém-chegada. O flerte constante de Mike fez rir a garota de olhos azuis, que se divertiu ao saber que Bella não estava interessada e embora gostasse dela, sabia no fundo que causaria problemas.

Ela não sabia por que pensava isso, mas tinha consciência de que isso causaria problemas, e se perguntava qual seria o primeiro deles.